Ayurveda é uma ciência milenar, fruto do contato dos sábios da antiguidade com a verdade abundante, imutável, fruto da profunda reverência e observação da natureza. Ela nos oferece o ponto de vista das leis da vida, não atuando de forma corretiva ou restritiva, mas apenas educativa. É uma ciência que foi decodificada e mantida através de milhares de anos através de livros e da tradição oral pelos povos ancestrais e hindus. É um conhecimento, que está presente na inteligência genética dos seres humanos, de todos os lugares do planeta. É a grande herança da humanidade, uma forma de viver que garante o bem-estar e a longevidade. Podemos dizer que Ayurveda seria um manual de instruções sobre fazer o corpo funcionar, ou mesmo que Ayurveda é a ciência da Avó.
Sabe aquele conhecimento da realidade que só as avós têm?
Saber quando vai chover, ter um joelho que dói quando vai esfriar, saber a sutil diferença do chá para gripe e um chá para garganta inflamada, te pedir para cobrir a cabeça no sereno. Todas essas medidas podem ser consideradas “ayurvédicas”, pois a arte do viver bem. É justamente no cuidado, no prestar atenção; e assim conhecer o próprio corpo; saber que no frio se esquenta e no calor se esfria.
Ayurveda nos ensina a nos preparar para os desequilíbrios que vem com as alterações da temperatura, das estações e da nossa rotina. Nos ajuda a enfrentar a nossa realidade, e dessa forma transforma-la para melhor. Há uma geração desconectada com a natureza do planeta, ao ponto de existirem milhares de pessoas, que nascem e crescem nas grandes cidades e nunca tiveram contato com a terra, campo ou interior.
O estilo de vida atual confunde os ciclos biológicos do ser humano, ocasionado os distúrbios, sintomas, síndromes e disfunções, físicas e sociais. Os longos períodos de exposição às telas, a alimentação precária e muitas vezes 100% artificial ou artificializada que milhares de pessoas consomem diariamente. Consumo excessivo de poluentes, agrotóxicos e químicos por todas as vias dificultam o sistema imunológico de manter a homeostase, isso é, a regulação natural dos ciclos de funcionamento do nosso corpo.
O resultado dessa ausência da naturalidade do corpo só pode ser o distúrbio.
Imagine o quanto a inteligência natural da evolução trabalhou moldando cuidadosamente o ser humano. Um trabalho que já dura 350 mil anos e adaptou todo o nosso sistema para acordar e ir descansar junto com o sol, para depender do ar puro, dos alimentos naturais e das curas que a natureza pode proporcionar afim de manter o tudo funcionando. Que depende de um controle das funções mentais que é impossível de alcançar com a infotoxicação (receber mais informações do que é possível processar) normal nos dias de hoje.
Analise as coisas consumidas nos últimos 200 anos da evolução dos seres humanos. Alimentação, vestuário, consumo de produtos para o corpo e cabelo artificiais, portanto, não garantem que não vão causar alterações para as futuras gerações. Pode ser, que, o nosso organismo de 350 mil anos evolua e se adapte rapidamente à uma mudança completa do seu ambiente e combustível, mas pode ser que estejamos indo para um caminho incompatível com o funcionamento do corpo humano.
Na Ayurveda aprendemos a reintegrar os ciclos biológicos do nosso corpo, com a natureza com o objetivo de estabilizar a nossa condição natural. Por exemplo, para uma pessoa do biotipo Vata que tem as características de ser seco, frio e áspero, vamos utilizar tratamentos que sejam aquecedores, hidratantes e emolientes. Já para as pessoas Pitta, que tem o fogo como sua natureza (e por isso propensão à queimações, ardências e inflamações), vamos oferecer tratamentos que sejam refrescantes e calmantes. Essa é a teoria dos opostos, a constatação lógica e natural de que para alcançar o equilíbrio, devemos oferecer o oposto.
Outro princípio importante da Ayurveda é a forma de olhar o portador da doença. Aqui no ocidente temos o costume de observar a doença como um fenômeno em si, muitas vezes completamente desconectado do portador da mesma, que se vê como vítima de uma fatalidade aleatória. Costumamos pensar: o que é bom para dor de cabeça? O que é bom para gastrite? Falamos em tratar o câncer, a pneumonia, a covid-19, mas não falamos em tratar João, Pedro e Antônia.
Na visão ayurvédica o tratamento é focado no indivíduo, pois é sabido que a partir da hora que esse sistema se equilibra a nível físico, mental, emocional e energético, naturalmente a doença perde as suas bases de apoio e é revertida. O corpo humano possui uma inteligência natural para autorregularão e curas espontâneas, muitas vezes para curar um distúrbio basta parar de ingerir certo alimento, inserir ou retirar algo na rotina, fazer uma modificação sutil que trará o equilíbrio de volta para o corpo.
Esses são os princípios da causalidade, que nos diz que a natureza da causa é igual a natureza do efeito, ou seja, para uma doença acontecer (efeito) é necessário que alguma atitude ou situação aconteça (causa). Muitas vezes essa causa pode ser complicada de se compreender, estar relacionada às coisas da infância, ter sido trazida para nós através da genética dos antepassados ou mesmo ter sido bloqueada pelo nosso consciente. Mas uma vez que a compreendemos, podemos corrigi-la e impedir os seus efeitos de continuarem acontecendo.
Os nossos sintomas, doenças e distúrbios são pistas de onde o nosso potencial de cura ficou bloqueado, e a maioria das doenças surge do bhavas (ponto de vista) em desacordo com as leis da vida e da natureza. Ao assumirmos opiniões ou comportamentos doentios (contrários às leis da vida) como verdades e hábitos começamos a caminhar para o caminho do desequilíbrio que vai se transformar em doença.
A Ayurveda considera que o maior causador das doenças são as emoções e em segundo lugar está o nosso estilo de vida. Somente depois vem a nossa alimentação e ambiente. É por isso que há tantas pessoas ricas, com o acesso aos melhores alimentos e ambientes que estão doentes, deprimidas e mal conseguem aproveitar o conforto da sua situação próspera por causa dos sintomas desagradáveis que sofrem diariamente. Sendo assim, podemos concluir que é de suma importância trabalhar na raiz dos desequilíbrios oferecendo os opostos para alcançar o equilíbrio.
O terapeuta ayurvédico é um profissional treinado para conhecer as propriedades dos alimentos e remédios naturais e tem um extenso treinamento na leitura das pessoas, trabalhando como um verdadeiro joalheiro para lapidar o tratamento ideal para cada paciente. Além de atuar no nível físico com recomendação de alimentos, dietas e suplementos, aplica massagens e outros procedimentos no corpo físico utilizando óleos medicinais, ervas, mel, leite, plantas, vapor e diversos outros elementos que visam equilibrar os órgãos e sistemas.